Será que queremos mesmo encontrar algo?

Estranhamente eu mal consegui pensar sobre a questão “Selina” acompanhei sim todo o status e evolução dela. E ela saiu do hospital e parecia nem sequer se lembrar de nada, de falar algo a Louis, de estar em choque. Ela só queria se livrar das minhas perguntas e ir ver Keisuke.
 
Nem com Louis ela quis falar. Afinal ele havia pedido que ela conversasse conosco.

O que me levava a questão que EU precisava falar com Louis, antes que ele falasse com Selina. Porque eu tinha que contar algo, e eu mal sabia como contar.
 
Ou o que pensar.
 
E com todos os acontecimentos, eu sentia que eu e Louis tínhamos que ficar longe de Oliver e não envolve-lo. Por isto aleguei para minha mãe sobrecarga em Duxhill, comprei passagens para ela e meu pai levarem Oliver para conhecer a Grécia.
 
Bem longe.
 
E sim, eu e Louis estávamos nos tornando o Sr e a Sra Andess, que viajaram a vida toda e deixaram a educação e cuidados das filhas ao comando de terceiros.
 
Mas...eu tinha motivos, não?
 
Acho.
 
Jamais poderia deixar Oliver perto de nós, enquanto podemos ser controlados, como...Keisuke e Brigitte.
 
O que leva a questão de que ambos haviam tido um ataque que os levou ao coma. E no pouco que sei de vodu, e acredite eu vi em filmes e seriados.
 
Eu arriscava que tinha alguma coisa atrelada a eles que o estavam controlando, como um patua. Acho.
 
E toda a loucura que vivi me fazia achar isso totalmente factível.
 
Por isto com  ajuda de Mady, resolvemos revirar as coisas de Brigitte.
 
Eu fiquei na porta do quarto, e deixei que ela procurasse.
 
Trancar a porta do quarto, seria realmente suspeito para as outras ZBZs, e quanto menos atenção a gente chamasse, melhor.
 
E então quando Mady diz que achou algo, eu me viro, e ao ver o que ela achou, eu logo a vejo puxar algo de debaixo da cama, uma blusa?.
 
Mas quando ela ergue a blusa, que eu imediatamente me afasto da porta e caminho até Mady, me ajoelhando a seu lado, e encarando aquele totem.
 
- Meu Deus....
 
Aquilo é tão horrível.
 
É tão abstrato, e ao mesmo tempo..
Nostálgico.
 
Me cura por alguns segundos.
 
Não vejo mais nada que não seja a realidade.
 
O que é bom não.
 
Ergo o rosto e encaro Mady nos olhos.
 
- Não toque.....
 
Mas a forma como um odor horrível se alastrava pelo quarto e pela ZBZ, me fazia crer que tínhamos que nos livrar daquilo de imediato. Apoio o braço ao rosto, cobrindo o nariz, porque é insuportável.
 
Mas ao mesmo tempo. Como?.
 
Mal consigo pensar nisto, e então escuto uma voz.
 
A ultima voz que eu queria ou devia ouvir.
 
“QUE PORRA É ESTA AÍ?”

Olha nem sei que porra de caminhão me atropelou para acordar no hospital.
 
Deve ter sido um caminhão de tequila vindo de mim.
 
Fato é que eu não lembro de ter tido uma crise, como a Charlie-Perfection falou, e tão pouco do porque ter uma crise.
 
Eu só acordei em um quarto de hospital, com um cheiro forte de flores, e quando abri os olhos me deparei com muitos e muitos, vasos e arranjos de flores, ursinhos, e todo o tipo de lembrancinha e presentes que os Omegas mandaram. Tem até o de algumas ZBZs.
 
Seriam lésbicas?
 
OU EMPÁTICAS NÉ SELINA.
 
Ok, ok.
 
Empáticas e lésbicas.
 
Empáticas e Bis.
 
Vem ni mim.
 
De todo modo, eu chego a sorrir com tanto carinho, mas logo paro ao me lembrar o que aconteceu. Keisuke havia sido preso por assinar alguém.
 
Mas ele não fez isto.
 
O estado dele.
 
Eu precisava sair dali e ajudar ele.
 
E percebo que devia ter feito isto antes quando Charlie me conta que ele está no mesmo hospital.
 
Em coma.
 
Que porra é esta ?
 
Enfim.
 
Foda-se.
 
Como não tenho tempo de ir comprar flores e fru-frus.
 
Eu apanho um arranjo do meu quarto. Abro o envelope.
 
- Me desculpa aí, Jonny...
 
Amasso e jogo o bilhete no lixo, e já trocada e de alta, vou até o quarto de Key.
 
Caso permitem visita eu deixo o arranjo lá e passo um tempo com ele.
 
Lendo um livro.
 
Afinal ele gosta tanto?
 
Leio o primeiro ep de Senhor dos anéis pra ele.
 
Mentira. Só se eu ficasse a temporada toda lendo.
 
Leio a introdução, o que vale é a intenção, e as flores que não comprei. Mas tem meu perfume, então.
 
Você não vai perceber a diferença, né Key?.
 
Ok. Depois do hospital vou para a ZBZ. E mal tenho tempo de chegar no meu quarto, paro antes no corredor, quando sinto um cheiro tão podre, que não deve ser os cookies da Mady.
 
Mady me desculpa, mas é tipo laxante, eu só não vou falar nada porque você é muito fofinha cozinhando para este bando de garota ingrata que fica vendo foto do Simon sem camisa escondida na sala. Ok?
 
Contei.
 
Me viro de imediato e logo caminho até onde vem o cheiro, e então vejo Charlie e Mady ajoelhadas em frente a cama no quarto de Brigitte e Hannah, com um negócio que nem sei nomear no meio delas.
 
E bom eu só tenho uma reação.
 
- QUE PORRA É ESTA AÍ?

Ok, sem tempo para não parecermos louca, Mady.

- Fala com a Selina, fecha a porta do quarto, tranca. Ninguém mais entra....

e então já me coloco a ligar para Neela. Enquanto tiro uma foto do totem e digito uma mensagem para Louis.

e me desculpe Neela.

acho que eu prometi nunca mais te ligar.

Mas.

promessas devem ter sido feitas para serem quebradas.

no meu caso.

Ao menos terminou a sexta-feira com o clima menos denso, ficou aliviada por ter conseguido tirar alguns quilos dos ombros de Simon, ele não quis contar em detalhes o que houve com Keysuke, mas falou o bastante para salientar que era sim algo sobrenatural de novo. Madison desejava manter a fé, e não crer nisso, porém concordou que era sim tudo suspeito demais. Prometeu não se envolver muito, e eles precisavam começar a investigar sim, ou iam de novo perder mais pessoas.

Dormiu bem, e no sábado pela manhã nem chegou a ver Angeline, a garota deveria ter saído mais cedo do que de costume para resolver tudo acerca de sua festa, que aliás acabou sendo transferida devido aos últimos acontecimentos, justamente para o sábado a noite, onde ela havia programado o jantar com os amigos.

Avisou todos eles sobre isso, e transferiu para o domingo a noite.

Levantou e foi tomar café, já com roupa trocada, e foi procurar por Charlie, as duas haviam combinado sobre irem ao quarto de Brigitte buscar alguma coisa, porque tinha algo estranho, algo controlando a garota, se ela foi mesmo capaz de cometer um crime não sabia. Mas, pode ter sido induzida não? Eles bem sabiam como isso acontecia, duas das amigas, e Lionel foram induzidos pelas sombras a fazerem coisas ruins ano passado.

Alegariam procurar alguma roupa para a colega para levarem ao Hospital assim quando ela acordasse teria o que vestir além daquele jaleco ridículo.

Tão atenciosas.

E a Presidente estaria no quarto com Madison, então não havia problema.

- Gavetas... Travesseiro... Closet... Nada... Seria idiota procurar embaixo da cama? – Foi o que fez, abaixou-se e ficou de joelhos, acendeu a luz do celular, mesmo sendo dia ainda, vamos nos prevenir, e estava lá, a blusa cor de rosa claro, que a ruiva usava na recepção, com um certo volume embaixo dela.

- Charlie... Tem algo aqui... – Ergueu o corpo de leve, e esticou a mão na penteadeira pegando um pente, voltou-se para a cama já com a amiga do lado e cutucou aquela coisa, Deus. Antes não tivesse feito isso.
Esticou a mão e puxou o embrulho para si.

Abriu-o no meio delas e recuou o corpo de leve, tampando o nariz, pelo azedume, pela podridão que aquilo exalava, e pela bizarrice do item feito de ossos de animais.

No centro do crânio do cão havia um tufo de cabelos ruivos, da vítima, da acusada.

É, não havia mais dúvidas, magia negra estava sendo usada, e eles iam precisar de mais informações, porém o mais importante naquele momento era tirar aquela coisa dali, e sem que ninguém visse, até que as duas se sobressaltavam e ouviam o grito.

Selina acabou vendo-as e foram descobertas.

- Merda... – Largou a blusa no chão enrolada naquela coisa e correu até a porta, puxando Selina pelo braço para dentro, trancando a porta em seguida, fazendo sinal de silêncio com a mão para a colega.

E se Selina nunca viu urgência em um pedido daquele no olhos de alguém, veria nos olhos de Madison.

Charlie tirava uma foto do objeto e ligava para alguém, suspeitaria para quem, mas nada conversou com a outra agora, o foco era a morena. Tentaria pegar nas duas mãos da garota, segurando com força, com urgência, necessidade.

- Por favor, me escuta... Não queria você nesse círculo maldito, mas você está nele agora, e vamos fazer de tudo para proteger vocês. E proteger ele, também, Selina. – Mordia o lábio inferior, porque doía, doía ter mais pessoas aumentando aquele circulo vicioso de maldade, aquela roda de morte, e destruição.

- Sabemos que o Key não fez nada, ele foi induzido por alguma coisa muito ruim. Assim como a Brigitte, aconteceu a mesma coisa com ela, Selina. Não desvia o olho de mim. – Falava séria, segurando as lágrimas, porque o peito explodia em fagulhas de uma bomba que dormia há muito tempo.

- Sobrevivemos a dois eventos de pura maldade aqui em DUX, tudo, tudo que houve ano passado, não foi culpa de acidentes ou furacões, ou qualquer outra desculpa normal e racional. – Ia tentar dar doses racionadas, não podia jogar no colo as histórias do livro maldito feito com pele humana e das mortes dos amigos de Charlie, nem sobre Sarah, nem sobre Riley.

Não ainda, Selina.
Porque sobre alguém com tanta empatia, como ela percebeu que você tinha no incidente com Key, não se faz isso.

- Mas, de todo Mal encarnado que vimos, temos uma certeza, um fato duro e mais cruel ainda, tem sempre pessoas, gente, seres humanos, por trás. E seja lá quem for que está machucando os outros desta vez, nós vamos achar e fazer ele ou eles pararem. – Era Fé? Era insanidade? Era um misto pequeno de Esperança e Fé que se desta vez pelo menos eles não ficassem parados perdidos e brigando uns com os outros, conseguiriam.

Tentaria puxar ela para perto de Charlie.

- Selina você precisa entender que tem sim muitas coisas entre o Céu e a Terra, e isso... – Ela indicava o totem horrendo que jazia aos pés delas.

- Isso foi feito por quem quer atingir a Angeline, usando a Brigitte como um fantoche, e acredite, isso pode ser feito, de verdade. Mas, nós, ainda não sabemos quem, ou porque. - Se mostrava o mais sincera possível, e não havia insanidade, não havia desespero, somente tinha medo, chegando a um nível de pavor, pela nova amiga compartilhar aquela sina.

- Todos nós... Louis, Charlie, Ethan, Simon, Lionel, Sofia, Hannah, eu... Todos nós temos sequelas horríveis do que nos atingiu, mas, sobrevivemos. Vivemos tentando juntar os cacos e recomeçar todos os dias. – Soltava da mão da garota, e levava a mão sobre a tatuagem de girassol, que escondia a cicatriz feia da mordida do tubarão.

Pegou a mão dela e a faria tocar a cicatriz.

- Todos temos cicatrizes, e o que nos salvou foi sempre buscar a verdade e lutar. Por favor, me diz que você não vai fechar sua alma e sua mente, se não fizer isso, te contamos tudo que quiser e soubermos contar do que houve até agora. – Engoliu em seco, soltou as mãos dela, e enxugou as lágrimas, sentando-se na cama, deixando o corpo desabar.

Teriam uma aliada ou uma inimiga?

- Posso perder a oportunidade de te ter como amiga, e vocês nos ver como loucas, mas, não corro mais o risco de ver as pessoas se machucarem por omissão, como fomos machucados. Não seria justo com você, e com os outros. - Bastava. Perderam demais, baixava o tronco de leve sentada na cama, olhando para baixo agora, estava pesada, de novo.

Encaro Mady sem entender. E meu corpo apenas entra no quarto assim que ela me puxa. Volto os olhos a Charlie sem entender. Mas logo a urgência de Mady me toma. Por isto volto toda a atenção para ela. Ela me pedia silêncio e óbvio que eu lhe daria a chance de explicar. Mas de imediato eu faço uma careta devido ao cheiro. E logo ergo a baby look até o nariz o cobrindo. - Puta que pariu. Resmungo enquanto Charlie decide ligar roa alguém e Mady pede que eu a escute. Aliás ela praticamente implora. Deixa claro que não queria me envolver. Mas que eu já estava envolvida e ia me proteger Oi? E então ela falava de Key. Que eles sabiam que ele não tinham feito nada. E porque caralho ninguém falou anda enquanto eu surtava lá? E novamente falava de proteção. Deixo os olhos sobre os seus Mady. E mesmo que eu já quisesse me revoltar. Sua urgência me ganhava. Seus olhos e emoção. E que Key e Bri tinham situações semelhantes. E me dizia ter experiência em eventos de pura maldade. Falava até mesmo do que aconteceu ano passado no mundo. E o que? Dux. O fim do mundo ? Tava ficando cada vez mais louco. E eu? Acreditando em tudo. Como uma louca. Mais louca que a Mady falando é É que. Eu acredito. Assim como jamais pensei em Key como um assassino. Empatia e uma merda as vezes. Fico ainda ouvindo Mady. Deixando ela segurar minhas mãos. Ela explicava que os eventos de maldade estavam sempre ligados a pessoas. E que iríamos achar e fazer eles pararem. Eu suspiro fundo e ainda mantenho toda a atenção para ela. Ela então explica que usaram Bri de algum modo com aquele treco sinistro no quarto para que ela atingisse Angeline. Como? Mady estava desesperada. Eu lia a agonia nela. Eu lia a forma como o passado era aterrador. Assim como as memórias dela. Ela falava do grupo. E que haviam sobrevivido com sequelas. Pegava minha mão e eu sentia a profunda cicatriz dela. Sem tirar os olhos dela. Ela pedia que eu não me fechasse. Nem que eu quisesse poderia. Ao final eu somente dou um passo a frente e estendo os braços puxando Mady para um abraço forte. Apertando ela contra meu corpo. Tentando lhe trazer algum consolo. Tentando lhe tirar um pouco de todo aquele peso e dor. Deixo uma mão a nuca dela acariciando a região. E logo aproximo os lábios do ouvido dela sussurrando. - Eu acredito em você. Afasto com cuidado de Mady. Ainda segurando as mãos dela. Deixo os olhos aos dela. - Eu não imagino toda a dor Mady. Mas eu estou aqui de corpo e alma para ajudar. Não somente o Key. A Brigitte também. Você. Todos vocês. E bom eu até poderia dizer sobre as coisas esquisitas que sinto naquela casa. Ou até mesmo na minha vida. Mas. Não era sobre mim ok. Aperto as mãos de Mady. - Isto estava nas coisas da Brigitte. Key também tem um destes. Digo tentando entender. Enquanto volto a cobrir o rosto com a mão. Já tomada de anciã. - Temos que acabar com este cheiro. Independente de tudo que eu preciso que vocês me contem. Se a gente deixar isto continuar. Já já as ZBZS todas vão estar aqui. O que a gente vai falar Mady? Que um gambá menstruou no quarto. PORRA. Você pensa e eu minto. Entendeu ? Vamos usar nossos pontos fortes. Que merda que o Louis passou ano passado neste lugar ?

ADENDO:

Madison não sabia de onde vinha aquela inspiração divina para falar daquele modo com Selina sem causar um dano enorme ao "sentir" da colega, mas no fim conseguia conquistar a confiança e um pouco do coração da garota tão cheia de sentimentos.

Tinha medo a cada frase, mas fluia de um jeito tão límpido que mais tarde quando estivesse sozinha pensaria sobre.

Recebia o abraço da outra silenciosamente a deixava se afastar.

Falou o que foi preciso sem machucar demais.
Sem sujar a memória delas.
Elas precisam de paz.

Selina então passava a ser racional, e Madison vendo Charlie ainda na ligação com alguém, precisava agir, o cheiro piorava.

- Sim, usaram estas coiastpara fazer mal ao Key e a Brigitte. Por isso devem estar em coma agora. Como se fossem descartáveis... Desgraçados. - Seja lá quem fosse, era um desgraçada, usando as pessoas daquele modo para atingir o jetivos tão sujos.

- A dedetização feita antes de virmos, vamos usar isso. Sentimos o cheiro forte enquanto estávamos juntando algumas coisas da Brigitte e achamos dois ratos mortos embaixo da cama. - Olhou em volta, e tirou duas fronhas dos travesseiros da cama de Brigitte.

- Enrolamos isso aqui, sem encostar as mãos. Eu diria que seria preciso passar sal grosso e lavar em água corrente, depois descartar em um rio o que sobrar. Mas, Charlie deve consultar alguém para isso. Até suspeito quem seja... - Olhou para a amiga, preocupada. Porque conhecia o olhar da loira. Estava fazendo algo a contragosto. E talvez aquela ligação lembrasse várias coisas.

- Selina, pega uma mala de mão e coloca uma troca de roupa para a Brigitte. É nosso álibi para estarmos aqui. Eu enrolo assim assim que voce mandar, Charlie. E manda uma mensagem no grupo das meninas dizendo que etmeljor todas passarem o fim de semana fora, porque a ZBZ vai ter uma equipe de limpeza cuidando dos possíveis problemas. - Olhou para debaixo da cama de novo.

- Depois eu corto o pedaço do tapete com um estilete e não deixamos marca do que estava ali. - Era um plano. Precisavam seguir.

- Se a Brigitte precisar ela dorme comigo no Cabeça. Tem quartos de hóspedes sobrando no andar superior. - Não ia deixar a garota sozinha.

Só de pensar em tocar aquilo, garotas, a sensação que vocês tinham era terrível. Seria preciso bastante força de vontade.

Para começar, era óbvio que só a blusa de Brigitte não seria capaz de cobrir aquele odor tão intenso. Ao retirá-la, em um passe de mágica, o odor tomava o lugar com intensidade incrível.

Fechadas no quarto, o odor parecia ainda pior. Os olhos ardiam e até para falar era difícil, mesmo tapando o nariz com roupas ou com a mão.

Charlie, quando você ligava, demorava um pouco até Neela atender.

Mas logo a voz mal humorada dela tomava a linha.

- Me diz que não vou me arrepender de atender você, patricinha... - A voz era quase um resmungo.

Você então passava a explicar pra ela, enviava a foto, perguntando como poderia se livrar daquilo, se tinha como se proteger e mesmo se tinha rastrear quem fez aquilo.

Neela ficava em silêncio diante de todas as perguntas para, em seguida, respirar fundo e começar a falar.

- Olha, princesa... O que vocês mexeram ano passado era bem sério e eu não entendia muito bem o que estava rolando, mas isso daí é diferente. A Escuridão era um elefante, certo? E a gente não passava de formigas, a melhor comparação é essa. Agora... Vocês são coelhos e quem fez isso daí é uma serpente. Entende o que quero dizer? Isso é algo ruim, bem ruim... Quem fez isso quer muito foder vocês... - Ela respirava fundo novamente - Primeiro, isso não controla a pessoa... Isso ataca. Invoca um espírito maligno que vai afetar a pessoa diretamente... Se houvesse mais que cabelo aí, como sangue, poderia até matar. E até para tirar isso vocês devem ter muito, muito cuidado... Usem algo não poroso, como couro ou um saco plástico e puxem a estaca afiada com cuidado, para cima... Ao puxar, toda estrutura vai desmontar. Feito isso, vocês podem colocar todas as peças em um saco ou em um balde, sempre sem usar nada poroso... Sem que entre em contato com a pele de vocês, entendem? Depois disso, vocês devem vocês devem queimar as peças com sal... Podem usar gasolina, álcool ou qualquer merda, desde que tenha sal e bastante fogo. As cinzas vocês jogam em água corrente... E toda essa área escura, vocês devem jogar sal e colocar fogo também, então boa sorte fodendo o quarto. No mais... Não, não há amuleto para proteger vocês disso, porque isso coloca um demônio na cola de vocês... Quanto a controle, eu não conheço nada que possa fazer isso, mas vou tentar ver se encontro algo nas coisas da minha mãe. Eu te mando mensagem com o que descobrir e com meu pix... - Afinal, ela nunca trabalhou de graça, não é?

Deixava Mady ligar com Selina, e confiava que ela iria lidar da melhor forma possível.
 
Tinha que confiar.
 
- Neela, eu não ligaria se não fosse importante...
 
Digo, suspirando, por envolver de novo Neela naquilo. Mas ao final, que escolha eu tinha?
 
E assim que a garota começa a falar eu imediatamente coloco no viva voz, mas em volume alto, apenas para que ela ouvissem, não a casa toda. Deixo elas receberem a informação na integra.
 
E encaro Mady ao ouvir tudo que tínhamos que fazer, algo que Mady ate cogitou. Fico no mais absoluto silencio, absorvendo todas as instruções e informação. E logo coloco para gravar a ligação, não podíamos perder nenhum detalhe e nem fazer nada diferente do que Neela instruía.
 
E ao final, a garota deixava claro que não sairia de graça, ,mas tentaria voltar com mais.
 
- Espera Neela...
 
Eu digo, e agora retorno o telefone ao ouvido, tirando do viva voz.
 
- Neela antes disto, uma zbz atacou uma garota no bosque, ela não lembra de nada, havia um boneco de vudu, com os mesmos fios de cabelos dela, que estão neste outro artefato. A vítima tinha as mesma iniciais e aparência de uma outra ZBZ. E estamos falando de uma garota muito. Muito importante, Neela. E o outro caso similar, repete a mesma coisa, ele atacou alguém, que tem as iniciais e aparência iguais a de uma outra garota. Ambas as vitimas são pessoas comuns. Eu preciso entender a ligação, e se as garotas que tem as mesmas iniciais e aparência das vitimas, estão em perigo. E por favor Neela, tente achar uma forma de proteger as pessoas, para que ninguém mais sofra com este novo pesadelo.
 
Digo, enquanto faço sinal para Mady e Selina, já fazerem tudo que Neela informou. Peço um segundo para Neela e logo falo com Mady e Selina.
 
- Mady. Precisamos de algo mais forte, digam para as meninas, que estourou um cano no banheiro, e estamos com problema no esgoto. Que o quarto ficará interditado até o encanador chegar.. Não podemos levantar suspeita.

Neste meio tempo Louis me respondia.


- Não tem nada do quarto de Keisuke...

- Adendo -

Ela seguia em silêncio, te ouvindo, Charlie, para responder em seguida.

- Quando alguém atira em outra pessoa, você não pergunta para a arma qual a motivação, não é? A princípio vocês estão lidando com isso... O que tem aí é como uma arma, colocada aí para machucar. Em relação ao controle, eu realmente não sei, eu não sou um grimório ambulante. Sei que há feitiços que podem controlar outras pessoas, mas isso é magia muito avançada, que lida com entidades muito perversas... E proteção? Eu também preciso pesquisar, mas a princípio, eu recomendaria vocês manterem os pertences e fios de cabelos o mais protegido possível. O mesmo conselho que eu dei antes para vocês, vale para agora... Mantenham-se juntos. Ovelhas desgarradas normalmente são alvos mais fáceis...

Caralho, caralho e caralho.
 
Caralho, caralhinho e caralhão.
 
Caralhada.
 
Eu nem sei para onde olho, para quem olho e o que faço.
 
Charlie coloca o celular no viva a voz e uma garota começa a falar como se fosse algum sábio.
 
Tipo um Yoda do Sobrenatural.
 
Eu tento decorar as instruções, mas é impossível.
 
E eu logo me aproximo e digo para a tal Neela.
 
- Não te conheço, mas já te amo! Você é foda!
 
Porra alguém tem que reconhecer esta menina. Ela quer pix ? depois deste ajuda a Charlie devia dar até o toba pra ela.
 
Enfim foco.
 
Eu logo vou ajudar Mady, porque pelo visto somos abelhas operarias mesmo.
 
Mas logo eu paro, quando escuto Charlie falar que não tem nada do quarto de Key.
 
Ergo as mãos espalmadas, mas logo levo uma ao nariz.
 
- Vocês vão me desculpar, mas não posso ajudar aqui, eu preciso ajudar o Keisuke, eu sei onde pode estar, e não se preocupem, não vou sozinha....
 
Digo, enquanto já estou na porta do quarto, abro e já saiu batendo a mesma.
 
- Puta que pariu, que cheiro horrível...
 
Digo, enquanto já vou empurrando algumas ZBZs na escada.
 
- Porra, não sei quem cagou lá em cima e entupiu tudo, estourou um cano e tá um horror. Meu conselho pra quem tem amor a vida, é fingir que estão em aula...Meus olhos até lacrimejaram...
 
- A mady já esta puxando o saco da Charlie, sendo a “guarda-bosta” dela, não precisa de mais ninguém....
 
Já vou para a porta.
 
- Eu estou me mandando, entre transar e ajudar a catar merda, vocês sabem minha opinião....
 
Acelero o passo para o estacionamento, enquanto já mando uma mensagem para Sofia.

Abrir a janela foi uma das coisas sensatas a se fazer, ou as garotas iam sufocar naquele odor fétido, Madison abriu as duas janelas e deixou as cortinas um pouco encostadas, afinal não queria que vissem muito o que elas estavam fazendo lá dentro.

Espirito maligno que afeta a pessoa, um entidade menor, um IWA, sim a Madison se colocou a pesquisar um pouco do assunto antes de dormir. Afinal o vodu haitiano cultuava um único Deus, Bom Dieu, ou Bom Deus.

Algumas coisas que Madison falou coincidiram com o que Neela disse, o jeito era fazer exatamente isso, pesquisar, ler, aprender, a morena não sabia dar saltos, atirar ou pular de um prédio ao outro, mas ela se dedicar a aprender.

Foi ao closet de Hannah e pegou uma bolsa de couro grande preta, deixou no chão ao lado daquele coisa e seguiu as instruções da enciclopédia do sobrenatural que falava no celular de Charlie.

Olhou de novo nas coisas das garotas e achou um par de luvas de plástico, vestiu-as, e foi brincar de ajudante de bruxa. Puxaria a estaca com cuidado, e então depois que a coisa se desmontasse, ela cataria todos os itens e colocaria na bolsa de couro.

Selina dizia que precisava sair, e que não ia conseguir ajudar ali, ia ajudar em outro campo.

- Cuidado, não se atreva a sair sozinha, pelo amor de Deus! – Engoliu em seco, e ouvia a garota bater a porta atrás de si.

De novo ficava sozinha com Charlie, ouvindo o restante da conversa.

- Levo para o Cabeça, tenho onde queimar isso, e lá tem muito sal grosso, Charlie. Ninguém vai suspeitar, os funcionários só vem depois das cinco da tarde. – Se ergueria e iria até o banheiro entupir o vaso com papel higiênico dando descargas e mais descargas até trancar de verdade.

Ao menos iam ter uma desculpa plausível para ninguém suspeitar.

- Logo a ZBZ vai estar vazia, puxamos a cama, jogo sal grosso e queimo o lugar, dá pra abafar com um balde de metal, sem fumaça, sem chamar atenção. Ok? – Ela ia fazer, ela ia meter a mão na sujeira, mas não ia deixar que mais gente se machucasse.