Bem vindo a Mansão Kurt

VEIO DAQUI

Ao entrar na mansão, vários protocolos de segurança devem ser seguidos. Simon fala algo por cima de Sofia, uma frase de segurança utilizada para que eles saibam que ele não está sendo sequestrado ou mantido refém e então eles podem seguir até a grandiosa entrada. Stuart, o mordomo, já havia sido alertado sobre a chegada do patrão e está aguardado na entrada.

Sofia estacionava mesmo na frente da Mansão, desligava o motor e ficava com as chaves para si, guardando-as no bolso do terno do segurança, afinal ainda estava de lingerie.  Abria a porta e saia, olhando para a construção imponente, tanto quanto a mansão da Condessa, mas em estilo moderno.

- É, você tem bom gosto mesmo. – Fechava o terno, ficando levemente mais adequada de andar por aí, e calçava os sapatos pelo menos que estavam na caixa, pegou o celular antes de sair do carro.

Simon contava sobre o que aconteceu depois que desceram do veiculo.

- Vocês finalmente se beijaram e é óbvio que ela deve ter ficado chateada, homens... – Ela chegava a virar os olhos, com o relato dele, e ia andando até chegar ao pórtico branco de madeira em frente a entrada principal.

Repentinamente ela estancava e virava o rosto para ele, Simon podia ver rugas se formarem na testa dela, de raiva mesmo.

- FILHA DA PUTA! Eu avisei a Selina! – Sofia travava e tirava o celular do bolso, fazendo uma ligação, de novo para Selina.

Ela não atendia e deixava uma mensagem na caixa de mensagens.

- Selina me manda agora a foto da garota que achamos no barco do Key e avisa ele que eu quero a ficha corrida dessa vadia pra ontem! Vocês dois tratem de voltar a realidade, Madison e Ethan estão mortos, porra! Vão pro HU AGORA! – Estava furiosa, e que Stuart desculpasse  o comportamento dela não costumava ser daquele jeito, mas explodiu com Selina, porque deixaram uma ponta solta, que pode ter resultado nessa tragédia.

- Quando fomos ao barco do Key para achar o totem encontramos a foto de uma garota de cabelos curtos, estava raspado, pele clara, mais jovem, mais baixa que eu, magra, estilo Lolita, mas marrenta. – Descrevia ela na esperança que fosse semelhante a garota que Simon viu tentando beijar a Madison, porque sabia que não deveria ter rolado nada, a amiga é mais hetero que o próprio pseudo-namorado.

Encontravam Stuart, e ela olhava agora sem graça para Simon, pelo comportamento anterior, afinal a senhora Ortega não criou a moça assim.
Mas, ao que parecia todos estavam com os nervos a flor da pele, precisava de foco e naquele momento este seria achar o maldito totem antes que Simon caísse desmaiado ali.

- Boa noite, Senhor, me desculpe o comportamento de antes... Estamos todos nervosos. Meu nome é Sofia Ortega. – Não deu a mão para o senhor, não era hora de cumprimentos, e provavelmente Simon reprovaria alguém tratando um empregado de forma animosa demais, em uma noite tão ferina e desastrosa.

Se era uma Ortega em companhia do requintado Kurt, era a Ortega herdeira dos vinhedos da Espanha, afinal as linhas de vinhos da família estavam em primeiro lugar no país.

- Ah, então, senhores... Precisamos achar um artefato feito de ossos, de mau agouro, alguém fez isso para te prejudicar e muito, Simon, preciso que procurem pela Mansão toda, isso inclui ficarem atentos até mesmo as entradas de ventilação que possam ter sido mexidas, embaixo de camas, closets, armários da cozinha, salas de jogos, reunião, quartos de hospedes, o do Lionel e o seu, obvio... – Sofia foi relatando prováveis lugares de forma até mais calma e controlada.

- De algum jeito essa coisa está ligada a você, Simon, e se a pessoa que plantou isso quiser, você entra em coma, ou mesmo morre, já vi acontecer duas vezes, então, por favor, não chame alguma ambulância de clínica psiquiátrica, Senhor... – Se dirigia por último para Stuart, ele precisava entender a complexidade do seu pedido e do quanto isso poderia prejudicar Simon.

- Se acharem aqui, me chamem, eu sei como desmanchar, e ninguém em hipótese alguma pode tocar com as mãos sem uma proteção de luvas de borracha, aliás, se puder providenciar um par para mim e para ele, agradeço... Afinal ninguém mais além de nós dois deve tocar nisso. – Foram entrando pela porta principal enquanto ela ia contando o que precisava naquele momento.

- Há algo pessoal, seu ligado ao totem, pode ser um camisa, uma joia, alguma coisa sua. Se acharmos aqui isso, eu desfaço e queimo junto com sal grosso, serve uma churrasqueira, as cinzas devem ser jogadas em algum rio ou mesmo no mar. – A esta altura o velho mordomo deveria achar ela insana e que o patrão andava em má companhia.

- É algo ligado a uma linha do vodu, Simon, se chama Santeria, eles cultuam um Deus da morte chamado Barão Samedi, e pelo jeito resolveram te fazer mal, então achamos essa droga, e te livramos de um mal maior, porque não quero arriscar de perder uma das cabeças sãs do nosso grupo peculiar. – Ela olhava já para alguns cômodos, olhava a tela do celular, nada.

- Se for possível seria de grande ajuda se mais pessoas fossem instruídas a procurar isso, se acharem estranho basta apelar para a religião delas, caso tenham, e dizer que alguém muito invejoso fez um trabalho do mal contra o patrão deles... Sempre dá certo. Apelar para a fé. – Nem parecia mais a Sofia cabeça quente de minutos atrás, agora ela se punha a trabalhar a massa cinzenta que tinha.

- Começamos no seu quarto, e infelizmente vamos precisar revirar tudo, o Senhor poderia procurar no quarto do Lionel? – Se o homem concordasse e o patrão dele também, eles iriam enfim começar a procurar, ela deixaria Simon tomar a frente, afinal não conhece o interior da casa.

- Pode até estar dentro de entradas secretas, ou cofres, Simon. – Daria uma dica já de cara sobre um lugar provável.

No caminho ela nem ia olhar direito para a grandiosidade da casa, ainda ia fazer Lionel convidar ela para uma festa ali, por hora focava sua mente tentando lembrar onde mais viu uma garota de cabelos curtos, porque ela jurava que havia visto uma com tal descrição, o que é um pouco raro se tratando da ZBZ.

De todas as pessoas do mundo que ele podia ter ficado, ficou justamente com a espanhola de gênio forte. Sofia corria pela estrada falando com Simon em um tom que poucos ousavam fazer, o que deixava o rapaz extremamente desconfortável.

- Você me livrou da prisão? – Ele falava em tom incrédulo. – Eu diria que você apenas adiou isso. Se acharem a tal faca ou mesmo virem as câmeras de segurança, não demora muito para que Castle venha atrás de mim. O que deixaria eu e Keisuke em péssima situação.

Mas o que ela falava fazia muito sentido. Ele mesmo havia visto Kei ter convulsões em sua frente.

- Então temos que nos apressar, pois é questão de tempo até que eu apague igual aos outros, afinal eles realmente já fizeram o que queriam.

Era realmente complicado discutir com a Sofia, pois o que ela falava era certo, mas de uma forma que fazia com que Simon desejasse puxar o volante e simplesmente capotar o carro. E quando ela falava da Madison algo realmente mexia com ele, mas o rapaz tentava não demonstrar.

- Minha relação com a Madison sempre foi muito honesta. Nunca menti nem escondi nada dela. – Então ela falava do grupo no celular e ele dava de ombros. – Eu tinha coisas mais importantes para resolver do que ficar de olho em todo grupo novo que vocês criam. Sinceramente Sofia, eu só comecei a ajudar o Keisuke porque seria bom para minha candidatura a vice presidente, no mais, nada mais me afetava, não tinha porque eu me envolver. Mas agora... Eu... – Fala Simon, você matou o concorrente. Fala que você não tem mais ninguém pra competir com você.

Simon deixou a conversa morrer. Não queria mais falar sobre aquilo, embora tivesse certeza que não conseguiria fugir do assunto.

Logo avistavam a casa e adentravam seguindo pela estrada. Quando a garota parava em frente a casa o mordomo já os aguardava e Simon descia seguido por ela.

- Eu sei. – Ele respondia sobre o bom gosto de forma petulante, mas já baixava a guarda. – Não... Não sei... Não fui eu quem escolheu, foi Lionel. Pra mim um quarto no centro já bastava, ele que quis a casa e eu não fiz objeção. Ele falava das festas que daríamos aqui e de como seria divertido, mas agora ela só serve para juntar poeira nos cômodos sem gente.

Conversavam sobre o que havia acontecido a medida que entravam em casa. Sturat, o mordomo, os acompanhava ao aguardo das ordens do patrão.

- Como... Eu não disse. – Ele fazia uma pausa, tentando raciocinar, mas logo lembrava da maldita fofoqueira do campus. – Foi por isso que eu pedi para apagarem as fotos, para que essa maldita não expusesse nós dois nos beijando de roupa intima. Seriam necessárias só meia dúzia de palavras para que a imagem minha e dela fosse por água a baixo.

Em um instante Sofia parecia ter uma epifania e fazia uma ligação para Selina. Simon aproveitava para falar com o mordomo.

- Preciso que traga um roupão para a senhorita e prepare um café bem forte pra mim. Peça que façam algo pra comer também. Tivemos um problema na festa, então preciso que acorde e reúna todos os empregados.

O homem apenas confirmava com a cabeça e nem demonstrava reação a respeito de Sofia agir daquela forma. Os melhores empregados são os que sabem ser discretos. Sofia então voltava para Simon falando da foto da garota.

- E vocês tem a foto? Eu a reconheceria na hora, não é fácil esquecer o rosto dela. – Ele falava, torcendo por uma afirmativa. A garota se desculpava com o mordomo e Simon a interrompia. – Não se preocupe com isso. Pedi para que reunissem os empregados, vamos a sala da lareira, lá podemos colocar as ideias em ordem.

Ele a conduzia pela casa até a sala com os estofados em frente a lareira e sentava. Logo Stuart se aproximava com a xícara de café e se dirigia a garota lhe entregando o roupão.

- Posso lhe servir alguma coisa senhorita? – Ele serviria o que ela pedisse e então deixava a garota explicar a situação.

- Certo. Sturat, preciso que você e Manuela coordenem os outros empregados nessa busca. Não quero muito alarde, porém deixe-os saber da importância de achar essa coisa. Peça a equipe de segurança que verifique as câmeras por qualquer movimentação suspeita na casa. Qualquer um pode ter feito isso, mas realmente espero que não tenha sido nenhum de vocês. Eu e Sofia vamos vasculhar meu quarto, preciso que alguém verifique o meu quarto na Omega. Mande alguém pra lá e invente algo, que estou sem meus remédios ou coisa do tipo.

Simon dispensava o homem que saia, já passando um rádio para algum funcionário. A casa tinha uma luz leve, ambiente, que a deixava um pouco sombria.

- Entradas secretas? Quem você acha que eu sou, o Batman? – Ele falava, mas não era em tom de piada, era de petulância. – Venha, vou te mostrar onde fica meu quarto.

Ele a conduzia por uma das escadas até que chegavam a uma porta com tranca digital. O dedo era posicionado e a tranca abria.

- Duvido que tenha algo aqui, poucas pessoas tem acesso ao meu quarto. Mas de qualquer forma, vamos procurar. Só cuide para não quebrar nada.

O lugar era realmente grande. A cama ficava no ponto central do quarto, logo a frente uma TV e uma lareira. Uma entrada direita da cama levava a um closet maior que o quarto que Simon tinha na Omega e, depois do closet, um banheiro onde uma família poderia morar tranquilamente. Alguns móveis de madeira eram espalhados pelo local e, caso Sofia prestasse atenção, veria uma tela digital ao lado da cama.

- Bem... Vamos começar a vasculhar. – Ele dizia, já retirando os edredons que cobriam a cama e jogando os travesseiros no chão.

A diferença, da sua mansão, Simon, para sua mansão e a da Angeline, era obviamente a segurança.

Conforme vocês avançavam, vocês não encontravam nada.

Nem mesmo com a ajuda dos funcionários.

Óbvio que era um local enorme, e ainda demandaria tempo.

Contudo, Simon, em dado momento... Você se perde.

De novo.

Só que dessa vez, era como se... A conexão com quem o controlava estivesse fraca.

Sofia, você vê Simon ir no bar, apanhar uma garrafa e quebrá-la, no mesmo instante que que os olhos dele viravam e ficavam brancos.

Imediatamente Simon vira a garrafa contra o próprio pescoço e perfura ali, porém um dos seguranças, próximo e vigilante, o impede de perfurar o proprio pescoço de modo mortal.

Simon se debate, mas, conforme o segurança o segura, os olhos dele voltam a ganhar cor.

E, naqueles poucos segundos, Simon, você presenciou a seguinte cena:

Escuro, frio... Difícil de enxergar.

Voz masculina, distante: ....çam ele calar a boca!

Voz feminina, também distante: Eles destruíram o boneco dele!

Louis: EU VOU MATAR TODOS VOCÊS, ESTÃO ME OUVINDO?!!? ME SOLTEM!! FIQUEM LONGE DA MINHA FAMÍLIA!! - Impactos, seguidos de mais impactos. Louis tossindo.

Voz feminina, próxima: Não importa, temos ele. Faltam só mais dois agora, e ele estará de volta. Só preciso aparar as arestas e matar o Simon, depois seguimos com o plano com algumas alterações... - E, de algum modo, você sabia que aquela voz feminina que controlava você, Simon.

Era quando você acordava, com o segurança e Sofia sobre você.

Mensagem de voz criptografada para:
 
Lionel, Simon, Sofia, Charlie, Hannah.
 
“Se vocês estão ouvindo esta mensagem isto significa que vocês estragaram tudo de novo. De um modo incrivelmente estúpido vocês não aprenderam nada com o que passaram. Nem com as baixas que tivemos. Mesmo diante de tudo que estava acontecendo, sabendo que eu abri mão da minha vida para investigar estes MALDITOS. Vocês preferiram resolver tudo sozinha contando única e exclusivamente com a burrice crônica que é inerente a todos vocês.
Madison está morta.
Ethan está morto.
E caso tenham esquecido: Sarah está morta, Riley está morta.
E vocês só acumulam baixas e mais baixas.
E Charlie, nem perca seu tempo fazendo o óbvio: Louis foi sequestrado, Oliver foi sequestrado. Seus pais estão bem eu pedi que Nate usasse os contatos dele e isolamos eles devidamente. Algo que você e Louis não souberam fazer.
Eu tenho uma única coisa a dizer.
Me informem de tudo que sabem e comecem a pensar direito. Se meu irmão e meu sobrinho morrerem, eu vou culpar vocês, vou caçar e matar cada um de vocês. Quem sabe com a morte de vocês o mundo passe a ter paz, talvez seja esta a solução para quebrar o ciclo.
Eu vou tolerar a morte de Madison apenas porque acho que vocês ainda podem ser uteis.
Em cinco minutos espero que vocês me provem o quanto.
 
E claro eu lembrei que a ex do Nate morreu. Mas....bom.
Deixa pra lá.

Sofia queria a cada metro percorrido naquela bela entrada dar um soco na cara de Simon, porque ele voltava a ser a muralha sem sentimentos e com a mente travada que era quando conheceu o grupo, isso irritava muito ela, ainda mais quando ele escondia os sentimentos que tinha, nem sabia como Madison aturava aquela figura masculina. Burra.

- Mesmo que achem não vão conseguir identificar suas digitais, o cabo é de um material poroso, e foi muito molhado, tentei limpar o máximo possível com os tecidos que havia lá. Conseguirem uma digital integra vai ser difícil. Enfim, vamos... – Enfim ele parecia entender que estava nas mãos das pessoas que o controlaram, parecia um pouco aliviada com isso, afinal ele abria a mente, e parava de bufar, passando a pensar melhor.

- Juntando poeira porque não convida a gente, bonitão! – Ela falava num tom mais amigável, e sim ela deixou o assunto anterior morrer, porque você matou a concorrência mesmo estando controlado, de certa forma foi isso que aconteceu, Kurt.

E sobre sua relação com a Madison, ela ia comentar uma coisa apenas.

- Também pediu ela em casamento ontem na frente da Ômega por interesse? Duvido, ela conseguiu te dobrar, Simon. Melhor, te ver... – Ia doer em você? Não se importava, porque segundos antes você disse que sua relação era sincera com a amiga, e que não mentia nem escondia nada dela.

Mas, pediu ela em casamento por interesse? Duvidava, Simon era do tipo “vivo eternamente para o trabalho”, se casar é de fachada. Mas, Madison não era uma mulher de fachada.

Desciam do carro, entrada linda, mordomo bem apessoado, e pelo jeito eficiente demais, ou nem seria chamado por Simon.

James vinha até eles, e Simon pedia um roupão para ela, graças.

- Temos sim, basta a Selina acordar para a vida e atender este celular, vamos conseguir isso logo ou vou pro apartamento dela. – Então ouvia a voz de Stuart, abençoado.

- Ah, Stuart, não? Por hora um roupão, por favor, e veja se alguma das mulheres que trabalha aqui tem roupa que sirva em mim. Preciso sair daqui de calça jeans pelo menos e camiseta, calço trinta e sete. Vamos nos deslocar daqui depois e não quero sair de roupão e lingerie. E uma caneca de café, com açúcar. – Entravam depois de fazer seu longo pedido para o mordomo, Sofia deixava Simon dar as ordens e por alguns segundo pensou em pedir a ele que ordenasse aos seguranças que deveriam obedecer a ela, caso ele ficasse fora de si, mas não achou necessário.

Infelizmente, pelo que vão ver logo a frente.

- Câmeras e pequenos cortes na gravação, Simon, vimos isso no barco de Key, alguém mexeu nas imagens. – Se intrometeu apenas nesta parte e depois em outra.

- Se não conseguir contato com o Louis que deve estar a caminho do HU, peça permissão para o outro chefe da Ômega, o bonitão mais velho, esqueci o nome... Diga que é um remédio controlado por receita, e você precisa dele com urgência, pois se encontra com uma crise de ansiedade. – Estava metida sim, e intrometida, e mandona e dando ordens, e logo ia voar por alguma janela sendo jogada por Simon, mas ela via as possibilidades que ele não via.

- Oras, você ficaria surpreso com o que eu a Madison descobrimos no subsolo do Cabeça... E você não tem o queixo quadrado o suficiente para ser o Batman. Vamos... – De novo o ar leve, e sim de mistério também quando comentou sobre o prédio do Cabeça da Rainha.

Estavam indo para o quarto dele quando via Simon parar e ir para O Bar.

Ela já ficava atenta e ia para perto dele, porque diabos ele faria isso se pediu um café? Via ele pegar uma garrafa e a espanhola fazia um sinal com a mão, de atenção para o segurança mais próximo dele, erguendo o braço, dobrando-o e deixando a mão estendido para cima.

Se ele fosse esperto entenderia o sinal.

O homem parecia entender, a tempo de saltar sobre Simon quando ele quebrava a garrafa e a levava para o pescoço, machucava-se, mas não um corte profundo, pois era apaziguado pelo segurança e por Sofia, que segurava o braço direito dele.

- VAI! – Gritava com força e também saltava sobre o rapaz, obrigando-o a largar a garrafa.

- Mas, que merda... Tá acontecendo... – Ela sentava no chão e esperava o segurança controlar melhor Simon, que voltava a si.

- Uma toalha limpa rápido! – Para pressionar o corte superficial, e estancar o sangue, nada grave, ia precisar de pontos.

Estava assustada? Sim.

Esperava por alguma ação do outro lado? Sempre.

Mas, isso te deixa mais alerta ainda.

- Simon, o que foi...? Você foi apagado de novo... Viu algo? Tá bem...? – Olhava dele para Stuart que a esta altura já deveria estar com o patrão e mais seguranças.

Alguém lhe entregava uma toalha, e ela dava ela para o outro segurança, mandando pressionar o local do corte.

- Vamos pro HU, mas você vai sedado, Kurt, pra sua própria segurança. – Estava toda desajeitada, levantava e então procurava controlar a respiração, acelerada pelo susto e pela adrenalina.

Passava as mãos nos cabelos, preocupada, claramente.

- Preciso que você me dê carta branca aqui, senão não consigo te ajudar. Tem algum lugar que você vá, pra dormir que não seja aqui e na Ômega? – Claro que via ele sangrando e deveria estar assustado ou com raiva, mas precisava ser objetiva.

- Vou avisar os outros... Ajudem ele a levantar, e não desgrudem dele, nem que ele mande! – Era incisiva, estava nervosa, mas controlada.

- Charlie, estou na casa do Simon tentando achar o totem dele, tentaram fazer ele se matar, vou levar ele sedado pro HU, quase cortou a garganta, mas não foi grave, conseguimos evitar. – Ela terminava estar mensagem e mandava para a presidente, e para o grupo.

Ia guardar o celular, e via uma mensagem nova, PAIGE?

Puta que pariu, preferia uma mensagem da Sarah infernal.

- Louis foi sequestrado, Simon... E Oliver também, meu Deus, é uma mensagem da Paige... – Ela se escorava no balcão de bebidas, e por alguns segundos queria entornar todas as garrafas de tequila e whisky dali.

- MERDA DE FRANCESA! – Sofia bufava, mas ela tinha razão de novo, pensaram que tudo estava lindo e foram para uma nova festa.
Sofia colocava aquele número da mensagem dela no grupo do sobrenatural.

E encaminhava todas as mensagens que trocaram.

Assim ela teria as mesmas informações que eles obteram desde o começo.

Simon ia falar algo? Torcia para que sim porque logo ia enlouquecer ali com tantas noticias ruins.

“Pronto francesa, está aí nosso dossiê, Hannah e Lionel devem estar surtados e sedados e logo vou precisar sedar o Simon, porque estão controlando-o também.” – Mensagem enviada para o número que enviou a mensagem da Paige.

E Charlie? O que poderia fazer por ela agora, se nem sabia direito se ia com Simon ao HU ou se ficava ali procurando o totem.

Sabe quando você já sabe o que vai acontecer?
 
E mais importante ainda quando você avisa que vai acontecer?
 
Ah claro vão me chamar de paranoica.
 
Mas se vocês fossem paranoicos como eu. Não teriam deixado um bebe com avós normais, sem treinamento militar, no mínimo. Enquanto vão para uma festinha.
 
Estas festinhas de Duxhill que seduzem as pessoas e depois as jogam na boca do Inferno!
 
Estou vacinada, basta um erro na minha vida, não sou como vocês que não aprendem nunca, querem ser jovens normais.
AQUI VAI UMA NOVIDADE PARA VOCÊS:
 
VOCÊS não são jovens normais! Por algum motivo, karma, maldição, praga, sei lá! Vocês estão na MERDE eternamente! E quanto mais se seduzem com “uma vida normal” menos se preparam para o que realmente é a vida de vocês.
 
Não falo nada enquanto Nate dirige. Já brigamos quando ele disse que se eu dirigisse não iriamos chegar nunca.
Quando finalmente chegamos a propriedade, descemos do carro lado a lado, e não falamos nada um com outro. Eu estou usando um terno negro e Nate deve estar vestido de “Mónica” para variar.
 
Enfim, esta é outra discussão eterna.
 
Eu estou mais para MIB. E ele quer ser o Capitão America.
 
Enfim. Os cabelos estão presos em um rabo de cavalo seguido por uma longa trança, e eu não uso qualquer maquiagem.
 
Para que?
 
Vou num desfile de moda?
Só se for o desfile do corpo de você se continuarem agindo como idiotas.
 
Enfim, eu uso minha digital para entrar na casa, e de imediato estranhamos não sermos recebidos por nenhum empregados.
 
Eu já saco a colt, e deixo ela abaixada ao lado do corpo, enquanto Nate vai a frente, abrindo caminho.
 
E sim, eu não uso outra arma que não seja a Colt.
 
E de estimação agora.
 
Não precisamos muito para saber que os empregados estão apagados, assim como os pais de Charlie.
 
E QUE MAIS UMA VEZ.
 
MAIS UMA MALDITA VEZ.
 
Eles estão um passo a minha frente.
 
PORQUE VOCÊS RESOLVERAM NÃO ME PARTICIPAR DE NADA., NINGUÉM ME AVISOU NADA.
 
NEM VOCÊ MADISON, QUE MORREU SEM EU PODER TE XINGAR ATÉ SUA MORTE.
 
A questão aqui é.
 
Ah Paige você não lê jornais?
 
NÃO. QUANDO ESTOU ISOLADA, NA PUTA QUE PARIU DO DESERTO SEGUINDO UM RASTRO QUE MEU PAI DEIXOU.
 
SEUS MALDITOS!
 
- Oui, a mesma idiotice de sempre....
 
Resmungo, enquanto fecho os olhos, tentando me focar.
 
SIM PORQUE VEJAM SÓ AMIGUINHOS.
 
A vida é dura, não temos tempo para lamentar os mortos, entendem?
 
EU NÃO POSSO CHORAR PELA MINHA MELHOR AMIGA E ACHAR QUE A VIDA É UM MERDE, porque eu preciso impedir do caixão de Louis e Oliver estar ao lado.
 
EU NÃO QUERO UM VELORIO TRIPLO, EU NÃO QUERO NENHUM.
 
Recosto o corpo a parede, e fico em silencio.
 
- Glen, me coloca em comunicação com aqueles imbecis.
 
Peço com a voz até falhando.
 
E quando tenho sinal verde dou o recado.
 
- Vamos sair daqui, Nathaniel. Veja para dar a devida proteção aos pais da Charlie.
 
Dou as costas e nem sequer pondero sobre o que acabei de falar para uma mãe que tem o filho e noivo desaparecido.
 
Ué.
 
Ficou esperando, vestida de noiva, achando que podia ser feliz...?
 
TSC.
 
EU te disse Louis.
 
Eu vou investigar e você pode FINGIR ter uma vida normal.
 
ERA PARA FINGIR IMBECIL.
 
Em pouco tempo estamos no carro, enquanto recebo o recado de Sofia e todas as informações que eles dispõe, e então eu volto a falar com Glenn.
 
- Glen...Mexe seus pauzinhos ou seus botões neste tecado de MERDE! E acha eles!!!
 
E então eu passo a ligar para a Sofia, me comunicando diretamente com a devida criptografia e segurança.
 
E me xingo, por ter que falar com esta maldita.
 
- Sofia, não fale muito, sua voz é insuportável para mim. Mas como só sobrou você de menos imbecil...Hannah é posma. Se ela não está ajudando está sendo peso morto, ao menos não está atrapalhando. Lionel é inutil. Se te vale um conselho aumente a sedagem. Do Simon você deve precisar, ele é um imbecil, mas é útil. Ele deixou a Madison morrer, nao soube protege-la. Mas eu acerto as contas depois. Uma merde de cada vez.
 
Eu vou trabalhar com o que tenho.
 
- Sofia, se pegaram Louis e Oliver, precisamos descobrir quem mais eles vão pegar, e estar um passo a frente. Se não tivermos moeda de troca ou ao menos uma garantia que eles não possam continuar seja lá a MERDE que estão fazendo, vamos perder fácil. Temos duas garotas mortas e agora Louis e Oliver sequestrados. Não tenho um padrão aqui e preciso que me explique porque.

Adendo:

Era muito difícil pensar, quando eu só queria gritar.
 
O fato é que eu sabia que não teria resposta obvias ou fáceis.
 
Os localizadores não iriam me ajudar, eles eram óbvios e já deviam ter sido contornados.
 
E Paige apesar de ser extremamente grossa e cruel. Estava certa.
 
Eu e Louis relaxamos, relaxamos demais.
 
Tive sim esperança que a o sacrifício de Sarah e Riley podiam ter nos tragos a paz.
 
Que o sacrifício de Richard...
 
O assassinato de Richard.
 
Mas o fato é que tinha dado sim uma segunda chance. Parece que não para nós.
 
Nós tínhamos que continuar em alerta, continuar lutando.
 
E por um momento eu e Louis nos deixamos levar, queríamos apenas ser feliz e ter nossa tão sonhada festa de Universidade, com futilidades e coisas comuns, que fazem as pessoas sorrir.
 
Mas isto tudo vem com o preço do meu desespero.
 
Tanto é que trago Richard de volta para que ele me ajudar a ficar sã, estando tão perto de parecer louca.
 
Dirijo o mais rápido que posso, enquanto ignoro por um instante as mensagens, pensando no que Paige disse.
 
Pensando no que realmente eu preciso fazer.
Aperto o volante firme, e preciso usar as ferramentas que tenho.
 
Preciso pensar friamente para salvar Louis e Oliver.
 
A Princesa precisa salvar o Príncipe.
 
De novo.
 
Fato é que exatamente o fato de Louis ser um príncipe é que vai me ajudar.
 
Ligo para a linha segura que Paige me passou que daria direto em Glenn.
 
- Preciso que divulgue de todos os modos possíveis o vídeo que eu vou te passar Glenn, eu já estou mandando mensagem para o empresário dos Moreau e pedindo para ele me colocar em contato com a imprensa e qualquer meio de divulgação, preciso que meu vídeo chegue na Gossip também. Eu vou enviar, mas peço que me ajude também. Preciso da máxima divulgação.
 
Desligo, e logo todos vão entender por quê.
 
Paro o carro no acostamento e passo a gravar o vídeo.
 
Enquanto ainda tem sangue seco no meu cabelo, misturado as flores do arranjo de noiva. Enquanto o desespero está em meus olhos claros, adornados ao mundo em meio aquele vídeo.
 
E novamente, eu me vejo ali.
 
Como um maldito Dejavuu.
 
- Me chamo Charlotte...- Pauso e abro mais os olhos, buscando dar ênfase a próxima palavra. - Moreau. Eu já falei com vocês em um momento que precisei, e não voltaria a falar se não precisasse, novamente...
 
Pauso, tentando segurar minhas lagrimas.
 
- Novamente eu venho pedir a ajuda de todos, de todos que puderem ajudar, de todos que puderem saber de algo, de todos que puderem tirar um segundo de sua vida para me ajudar em meu desespero. Não somente como esposa de um marido desaparecido, mas como mãe de um filho sequestrado – suspiro fundo e me aproximo mais da câmera – Na madrugada de hoje meu marido e filho foram sequestrados em um esquema articulado e armado. Meu filho estava com meus pais e meu marido estava em um evento comigo. Combinamos de nos encontrar no HU, e ele não apareceu. Meus pais foram desacordados e meu filho foi levado. Louis Moreau é um homem decente, um pai exemplar, um príncipe encantado. E ele pode neste exato momento estar precisando de vocês, qualquer notícia, qualquer coisa que vocês souberem dele, será útil. Por favor se vocês viram Louis em algum lugar, em algum carro, com quaisquer pessoas. Placas de carro, nomes de rua, locais, qualquer coisa é importante. Para vocês que possui sistema de segurança próprio ou do seu imóvel. Suas imagens podem salvar a vida do meu filho. Por favor que este vídeo circule tudo e toque o coração de cada um, que possamos encontrar os bandidos que fizeram isto, que possamos trazer meu marido e filho a são em casa. Para a polícia eu estou enviando este vídeo e todas as informações que possuo, meu desespero me leva a implorar a ajuda de vocês. Por favor coloquem Louis e Oliver Moreau em seus radares, perguntem deles, falam eles estarem em todas as rodas de conversas, em todos os pontos de informações. Façam quem quer que tenha pegado eles, devolvê-los em segurança para seu próprio bem. Por favor cacem os bandidos que roubaram meu marido e filho de mim. Eles estão perto, eles podem ser seus vizinhos, podem ser seu colega de quarto, eles podem ser seu familiar, podem ser seu colega de trabalho, eles estão neste exato momento cometendo erros, cometendo pequenos deslizes que fará com que sejam encontrados e paguem pelos seus crimes.

Resolvia dar uma maneirada na babaquice e amenizava o papo.

- O Lionel é mais de festas, mas ultimamente ele tem preferido festas fora daqui. De qualquer forma, eu quero dar uma festa tão grande quando sairmos dessa que terão que construir uma casa nova. Quem sabe uma festa de casamento. – Falava e chegava a rir de forma maliciosa. Mas não continuaria o papo mesmo que ela quisesse.

Já dentro de casa, o mordomo perguntava se Sofia queria algo e ela prontamente já fazia seus pedidos. Quando falava das roupas, Stuart olhava rapidamente para Simon que acenava com a cabeça.

- Como quiser senhorita, volto em breve. Com licença.

Logo Simon dava ordens e Sofia completava. A cada vez que ela mandava algo os seguranças pareciam procurar seu olhar em busca de aprovação, que era dada sempre com um aceno de cabeça. Logo estavam indo para o quarto, mas algo acontecia.

A sensação de não ser dono das próprias ações era agonizante. Estavam em meio a procura e mais uma vez seu corpo se perdia, mas dessa vez era diferente. Em vez de simplesmente uma parte de sua vida ser tomada de sua memória, dessa vez ele era transportado e, embora não pudesse se mexer, sentia e ouvia coisas.

Estava muito frio e a voz de Louis era a única que ele reconhecia. Mas, mesmo não conseguindo distinguir as outras de quem eram, nutria um ódio gigantesco por elas e sabia de alguma forma que a mulher era quem o controlava. Ela falava e a vontade de responder era imensa, mas ele não podia, não podia fazer nada.

“Pra você é Senhor Kurt!”

Logo estava de volta, um dos seguranças o segurava tentando afastar a garrafa quebrada. Sentiu o sangue escorrendo pelo pescoço e o olhar de Sofia indicavam o que tinha acontecido.

- Mas que merda! – Disse, soltando a garrafa e levando a mão ao pescoço. – Pode me soltar e pegar um curativo. – Ele falava autoritário ao segurança que não obedecia, com medo do patrão tentar algo novamente. Em vez disso passava um rádio e continuava o segurando.

Simon se irritava, mas entendia a situação.

- Pegaram o Louis, Sofia. Um home e uma mulher. Eu vi quando estava em transe acho. Estão com Louis e disseram que faltam só mais dois para conseguirem trazer sei lá o que de volta. E precisam me matar. Ouvi também que tinham destruído um boneco. – A raiva estava impregnada na voz do rapaz.

Sofia já falava sobre irem para o HU e sobre ele ir sedado.

- O que? Você que me sedar? – Ele pensava por alguns segundos enquanto Stuart já chegava com uma muda de roupas dobradas e um par de calçados. – Okay... Vocês ouviram, ela manda. Quero pelo menos dois seguranças conosco o tempo todo.

Tanto o mordomo quanto o segurança arregalavam os olhos com a liberação de Simon, mas então aceitavam sem questionar. Ouvia Sofia falar sobre Paige e, é claro que a francesa já sabia de tudo, ótimo!

- Vamos, não podemos perder mais tempo.

Dizer que estava em Harvard era a melhor forma de despistar os amigos e a família, mas ainda sim era um pouco solitário. Felizmente ainda tinha contato direto com Paige e Nate, era o garoto do TI deles e mantinham vigilância constante dos amigos, pois sabiam que cedo ou tarde alguma merda iria acontecer. E aconteceu.

Ultimamente não questionava mais o que Paige exigia, era ela quem o mantinha, pagando muito bem pra isso, então se a patroa manda, ele obedece. Quando os dois foram até a mansão de Charlie ele manteve os dois olhos neles. Claro que o rapaz não dava uma de investigador de campo, preferindo sempre estar na cadeira de vigia.

Quando Paige pediu pra entrar em comunicação com os outros o rapaz levou alguns segundos para criar uma rede segura para que ela se comunicasse em ser rastreada. Foi um ano muito produtivo no campo de programação para o rapaz.

Logo vinha outra mensagem gentil de Paige que pedia que encontrasse Louis e Oliver.

- Imediatamente. – Respondia e já começava a rastrear os locais onde o celular de Louis havia emitido sinal e procurava acesso a babá eletrônica no bebê, com sorte teria alguma informação útil.

Logo um dos telefones na mesa tocava e, ao ver na tela do computador o rastreio de quem era a ligação, ficou surpreso. Com alguns cliques a ligação era transferida e espero que você tenha uma franquia muito boa para ligar para o Afeganistão nesse monento Charlot, pois era pra lá que o IP redirecionava.

De qualquer forma ele recebia a mensagem.

- Já estou a par Charlie, e se a Gossip consegue mandar mensagem em todos os celulares sendo apenas uma fofoqueira, eu acho que não deve ser muito complicado.

Não demorava para que recebesse o vídeo de Charlie e disparava o vídeo para alguns celulares de Dux, juntamente com um vírus inofensivo ao aparelho, mas que mandaria o vídeo para todos os contatos do celular que ainda não tivessem o recebido. Não demoraria para que todos os celulares fossem infectados e recebessem o vídeo da Charlie suplicando.

Para o Mundo que ela quer descer, não está mais legal brincar no playground, a coca cola esquentou, o lanche veio estragado, o ônibus atrasou, o leite derramou, e que frases mais idiotas puderem surgir agora.

Sofia estava puta, e nem era do jeito que Damien gostaria de ver.

Era o puta de nervosa, de raiva, de braba.

De querer enfiar as unhas na jugular de alguém, poderia até ser de uma francesa, mas até mesmo aquela vaca com sotaque forte é útil agora. Porque por mais irritante que fosse ouvir a voz dela, a maldita ajudava, e graças a Deus não estava na frente da mansão Kurt, apenas recebia a ligação dela, ouvindo com a calma necessária para não enfiar o celular no rabo dela.

Para Paige ela respondia,

- Adiciona na lista, Damien Kennedy, é um bom nome para ser o próximo alvo, Selina Wertheimer, herdeira de um dos criadores da Chanel e Angeline Marie Grimaldi, a condessa. Vou sedar Simon e levar ele pro HU, preciso ficar lá e impedir que os corpos da Madison e do Ethan sejam levados para autopsia, se o que suspeito for verdade, eles podem voltar. Já vimos isso... Liguem pro celular do Simon, se precisarem, estará comigo. – Falou o básico e falou até mais, mas precisava deixar as coisas claras com a francesa.

Via Simon se debatendo ainda, e tinha vontade de quebrar uma garrafa na cabeça dele, e ao invés de festa de casamento ele ia fazer um funeral, o dele. Aí sim ela beberia, brincadeira ou não.

- Vai ser sedado, estica o braço que um dos seus seguranças vai aplicar uma vez e meia o que aplicam em Lionel quando ele surta. Simon tem o dobro do porte físico do irmão e ele é forte. – Explicou para Simon e para Stuart que retornava com as roupas e o calçado.

- Obrigada, Senhor Stuart. Agora, façam o curativo nele, vai precisar de pontos, enquanto me troco no lavabo, logo volto. Não desviem o olhar dele! – Ela então ia para o lavabo mais próximo do balcão de bebidas, entrava e nem trancava a porta, apenas tirando a droga da lingerie do corpo e pegando uma toalha molhada tirava o sangue que conseguia do corpo, vestia-se rápido, enquanto lia as mensagens na caixa de mensagens.

Simon explicava que ouviu alguém falando sobre Louis quando foi possuído de novo, que havia duas pessoas, um homem e uma mulher, precisavam matar ele, claro, já foi usado.

Louis foi sequestrado junto com Oliver, então havia duas possibilidades,

Simon mataria Ethan, mas não deu certo porque a porta foi trancada por ele mesmo, então como o corpo não foi levado para o circulo de magia, talvez algo deu errado, visto que os outros corpos estavam dentro do círculo no ritual.

Louis, então poderia também estar sendo usado por um dos inimigos com um boneco de voodo. Isso era péssimo, porque sobrava a criança como uma vítima, seriam os inimigos tão podres assim?

Destruíram um boneco?

Só conseguem controlar quem tem o boneco inteiro com o pertence ligado ao ritual, então, o boneco que ela destruiu pode ser o boneco do Louis, senão ele teria matado Oliver?

Era uma possibilidade, precisavam intensificar mais ainda a busca pelos totens.

Este fato assustava Sofia ainda mais, mas precisava manter a calma, atirava a lingerie na pia e deixava ali, mandava uma mensagem para Timothy e Brigitte.

- Timothy, preciso que você e Brigitte fiquem juntos, estou indo para o HU levando Simon sedado, ele passou mal, assim que eu chegar procuro vocês na sala de espera, vou precisar de um favor seu. Não falem e não confiem em ninguém  além de mim e Charlie. Até. – Mandou uma mensagem de voz, que também foi escrita no Whatzapp.

Usava uma calça jeans, um tênis e uma camiseta, tudo serviu bem nela.

Quando voltava diante deles, tendo nem passado dez minutos, ela dizia para Simon que estava com o braço esticado diante de um dos seguranças, e outro o contendo, por prevenção.

- Você vai ser algemado e sedado, quando chegarmos no HU, dou entrada dizendo que você assim como seu irmão surtou por causa das mortes e precisa ficar com o quarto protegido, ou mando todos seus advogados pra lá. – Olhou então para os seguranças.

- Rapazes, vou com ele na limusine, e mais dois de vocês ficam conosco, como a situação é perigosa para os Kurt, quero mais dois de vocês no quarto com Lionel, e se possível mais dois no quarto da Senhorita Bishop que também está lá, penso que todos eles estão em perigo. – Respirou fundo, pegando o celular de Simon e levando a frente do rosto dele, que começava a desfalecer devido a injeção.

- Senhor Stuart, vou cuidar dos rapazes... – A fala era menos severa com o homem.

- Preciso que o senhor continue procurando o que pedi, e não toque de jeito nenhum se acharem, sem falar comigo, por favor. Liga pro celular do Simon se eu não atender na hora, ok? Levem ele pra limusine, e mantenham ele deitado num dos bancos, um de vocês senta comigo, e o outro com ele. Levem a caixa de primeiros socorros e remédio, se houver injeção de adrenalina, levem também. Vamos, tenho pressa! – Simon havia adormecido, enfim, teria paz, e precisava torcer para eles lhe obedecerem, mas como o Kurt havia mandado, eles deveriam fazer isso. Sofia ia pra fora com eles, e esperava que o acomodassem.

SOFIA TAMBÉM JOGA AQUI

Mandou mensagem para uma das médicas que era amiga de Charlie, dizendo que estava levando o Kurt mais velho para o HU.
Quando o motor da limusine foi ligado ela ouvia a ligação de Charlie desesperada.

- Santo Deus, loira... Onde você está!? – Perguntou olhando para a tela, era visível estava atordoada, mas se Charlie ia precisar de uma ancora, e a escolheu, precisava fazer jus.

Lembrou que a garota foi pra floresta onde tudo começou, do lado da mansão dela.

Odiava aquele lugar com toda sua força.

Se Oliver foi levado pra lá, teria alguma ligação com aquilo do passado? Não podia ser, era demais para um dia.

- Ok, eu te ajudo, pode seguir, mas... Se cuida, preciso de você viva, tenho que ser madrinha do seu casamento esqueceu?! Estamos indo pro HU, e Charlie, Simon quando apagou disse que ouviu um homem e uma mulher com Louis, se eu consegui entender o que está havendo, destruí o boneco do Louis... O do Simon ainda tá por aí. – Tentou conversar para manter ela com a mente ocupada com o que pudesse estar vendo, e assim que visse algo estranho avisaria a amiga.

Não estavam em um país subdesenvolvido com recursos precários, e potência de sinal deplorável, mas a merda do sinal da operadora do seu celular oscilava demais, ou talvez fosse o local onde Charlie estivesse, a maior parte dela acabava crendo que era culpa da floresta de cogumelos malditos.

Neste pouco tempo ela dava uma instrução clara de que Sofia deveria cuidar da ZBZ por hora, e descobrir quem era o traidor, ou no caso das abelhas, a traidora, explicou como faria para conseguir esta informação e isso lhe deixava apreensiva visto que precisaria deixar Simon, Lionel e Hannah sozinhos no HU.

Acabaria colocando Timothy e Brigitte para vigiar os três amigos.

Assim poderia fazer o que Charlotte pediu.

Parecia estar naqueles filmes de ação e mistério em que a mocinha principal ligava para alguém aleatório e o sinal do celular era cortado por forças ocultas, ou por ela TER SE ENFIADO NA PORRA DE UM MATO MALDITO, CHARLOTTE e sozinha, além do mais ajudava muito ela precisar estar com o herdeiro dos KURT dopado e vendo unicórnios malditos cantando algo em francês.

- Um milharal, neblina, a droga do espantalho... Um milharal, neblina, a droga do espantalho... – E repetiria isso até que as cenas mudassem, já que ela não conseguia falar de forma distinta e clara, então guiaria a amiga por palavras curtas, e com o tom de voz seguro, sem susto, ou gritos.

Gritaria sim, quando fosse para ela correr.

- Escorpião, cobra fugindo... Escorpião, cobra fugindo... – Novamente falava com ela, com um tom de alerta, mas quando percebia que as criaturas peçonhentas se afastavam de Charlie, ela tornava a controlar o tom de voz, calma de novo.

- Escada, sala... Espera... – Tentava focar os olhos nos detalhes, depois na cena toda.

- Círculo verde vivido, na sala. Círculo verde vivido, na sala. – Repetiria sempre que preciso, quando percebesse que a outra não entendia.

- Rapaz, cadeira de rodas, livro, garota nos ombros... Rapaz, cadeira de rodas, livro, garota nos ombros... Deus... – Era, não era? Era um dos gêmeos, com o maldito livro que começou toda aquela desgraça, e a maldita garota albina que parecia bem alimentada, um espirito iluminado pelas chamas do inferno isso sim.

- Matt e a garota, CHARLOTTE, pelo amor de Deus se cuida! – O sinal caia, e Sofia caia encostada num dos cantos da limusine. Estava sentada óbvio, mas o corpo desmontava de lado, levando o celular ao lado da cabeça, a testa encostada no vidro.

- Filha da puta... – Respirava fundo, e tentava ligar para ela de novo, nada.

Rápida ela procurava o número do qual Paige ligou e mandava uma mensagem gravada com uma mensagem de texto, pelo WhatsApp e por sms. Não ia arriscar um único modo.

Contava na mensagem que viu Charlotte na floresta da mansão dos pais, onde tudo começou, e ao entrar na mansão ela viu Matt, numa cadeira de rodas, muito abatido, como que com a vida sugada de si, com o livro maldito no colo e a garota albina sentada sob seus ombros. E a ligação de vídeo caiu nesta parte.

Terminou dizendo que retornaria com mais informações assim que tivesse.

Já havia respondido a mensagem do casal de ruivos, eles estavam lá e não ia sair, era uma ordem, e eles precisavam obedecer, porque iam servir para ajudar, se não quisessem, ela ia lembrar ambos do que Charlie estava fazendo pela garota ruiva. Se fosse preciso seria incisiva.

- Faltam menos de quinze minutos para chegarmos ao HU. É o seguinte rapazes, vou confiar a vida dele nas mãos de vocês, no HU vai ter um casal de amigos, são de confiança, vão ficar por perto também, ok? Um de vocês na porta, outro junto com o Simon no quarto, espero que essas armas tenham balas, e se for preciso vão usar. - Não era hora de deixar os homens com o dobro do porte dela a vontade, e pensando que iam passear com o patrão fresco que tentou se matar, eles iam proteger a vida dele, e deveriam saber que alguém queria matá-lo.

- Repassem o mesmo para os outros quatro que ficarão com Hannah e Lionel. O casal de ruivos, ele é da Ômega, Timothy Bengtsson e ela é da ZBZ, Brigitte Connor, são de confiança. - Respirava fundo e se sentia aqueles personagens burros de filmes de ação que precisam tomar decisões que não desejam porque podem machucar outras pessoas.

- Eu vou para a ZBZ, alguém precisa colocar ordem na Fraternidade e acalmar os ânimos, assim que eu puder volto correndo pro HU, por favor, cuidem desses três, e se ouvirem algo sobre Madison Walton Jones e Ethan Bishopp no HU, me informem imediatamente, fiquem atentes. - Encarou eles de forma bem séria, colocando os cotovelos sob os joelhos, com o celular do lado do corpo.

- Qualquer um que ficar estranho, com os olhos brancos, que não responder ao chamado de vocês e tentar chegar perto destes três, impeçam, até se eu ficar esquisita. É uma ordem. Usem armas em último caso e creio que vocês saibam acertar pontos não vitais, não é? - Piscou para eles no fim, e falava extremamente séria, se Simon contratou eles, eram profissionais. Estavam quase chegando no HU, o parava ia diminuindo a velocidade.

- Recapitulando, Simon teve um surto e tentou se matar, devido as possíveis mortes da namorada e do cunhado, ok? Vamos, agora cada um cuida de um dos que mandei. Vou passar na portaria e já informar, tragam o Simon, com cuidado, e não deixem nada, absolutamente nada com que ele possa se machucar perto dele. - Agora a voz era de absoluta preocupação, porque chegava hora de deixar o três sozinhos, melhor a mercê dos seguranças e dos olhos de Tim e Brigitte.


INDO PRA CÁ

((( VEIO DAQUI )))

O caminho era ligeiramente desconfortável.

Tanto pelo silêncio quanto pelos meus olhos fixos na estrada.

Meu cérebro parecia em ebulição de tanto que os pensamentos pulavam de um lado pro outro e diferente de antes, não estavam sem controle.

Estava focada.

O plano se desenrolava e as variáveis passavam por ele.

Sempre que encontrava um problema, logo buscava uma solução e outra e outra.

Analisava todos os cenários que passavam pela minha cabeça, para o bem ou para o mal.

Era quando Lionel reconhecia o caminho e começava reclamar assim que chegavamos ao portão da mansão Kurt e esperava por todos os protocolos de segurança antes de ser liberada e parar na frente da mansão.

- Você vai fazer o que o Simon mandou, Lionel. Porque agora é a hora de sermos práticos. Por mais vil e cruel que seja o plano do Simon é algo necessário a ser feito e não tô nem aí se você concorda ou não. Precisamos agora sermos decisivos e realistas. Então você vai entrar em casa e seguir as recomendações dele e além disso, vai colocar sal na porta do seu quarto e vai continuar na busca de qualquer coisa suspeita e esse tal de totem e essas coisas todas que a Sofia falou. Eles vão fazer isso na Ômega também e eu vou pegar informações com o Ethan e enviar pra vocês.

Olhava pra ele e apesar de tudo o que dizia não tinha uma só expressão no meu rosto.

- O que precisamos agora é resolver essa merda. Todo o resto é secundário. Inclusive excrupulos e qualquer baboseira dessa.

As travas do carro eram abertas e ficava assistindo o empregado que vinha abrir a porta pra você descer. Pode reclamar, pode xingar, espernear o quanto quiser, Lionel, no fundo você sabe que tenho razão e você ainda pode agir por conta própria depois se quiser.

Não era eu que ia te impedir, mas eu seguiria com o meu plano.

E era melhor que não tenha ninguém por perto pra isso.

Enviava uma mensagem rápida pra Charlie e o compartilhamento de localização continuava.

((( VAI PRA CÁ )))

VEIO DAQUI

Lionel olhava para Hannah visivelmente preocupado. A garota estar tão séria e não demonstrar emoções daquela forma só mostrava o quão ela não estava bem. A frase que ela disse, a única durante todo o caminho, fez um arrepio correr por sua espinha e uma sensação de que algo de muito ruim iria acontecer.

O rapaz estava tão preocupado com o estado da cunhada que demorou a perceber que não estavam seguindo para o HU e sim para a mansão. Seus olhos se encheram de suplicas para que ela desse meia volta e ele já faziam menção a reclamar, mas Hannah estava sendo dura com ele e já o interrompera.

Depois de passarem pelo portão e estacionarem em frente a casa ele mais uma vez a encarou, como quem pedisse para ela dar meia volta e o tirar dali, mas as palavras dela, duras e diretas o fizeram apenas descer do carro sem questionar. Os olhos já se enchiam de lágrimas quando ele via o carro se afastando e saindo pelo portão.

O mordomo já estava ao seu lado, aguardando as ordens. Lionel moveu o olhar até ele e hesitou por algum tempo ali, parado sem dizer nada, até que finalmente a voz conseguiu sair.

- Preciso de algo forte para beber Stuart e que me encontre no escritório. Precisamos conversar algo muito sério.

- Devo chamar Roger para preparar seu drink senhor?

- Não, não vamos envolver ninguém além de mim e você... E preciso de sal grosso também. – E então seguia para o escritório para aguardar o mordomo.

Sentava na cadeira que usualmente Simon sentava e aguardava que o mordomo chegasse ao lugar. As cortinas estavam fechadas e a luz baixa, evitando chamar a atenção de qualquer um que passasse por perto.

Stuart batia antes de entrar e arqueava as sobrancelhas ao ver Lionel sentado na cadeira do irmão, porém nada dizia.

- Stuart, sei que parece idiotice, mas preciso que espalhe esse sal grosso na porta antes de entrar. E só ai entre, por favor.

No mínimo o mordomo encararia aquilo como mais uma excentricidade do rapaz, mas não questionaria e, assim que tivesse feito isso e passado, Lionel aceitaria o whiskey e pegaria a garrafa. Em seguida pediria para que o mordomo sentasse, coisa que usualmente não acontecia.

- Estou só repassando ordens do meu irmão ok? E estou totalmente contra elas, mas não tem muito o que eu possa fazer. – Ele dava um gole e continuava. – Simon quer que você encontre alguém disposto a assumir a tentativa de suicídio dele. É pra pessoa assumir que tentou matá-lo e não que ele tentou fazer isso consigo mesmo. Você deve gastar quanto dinheiro for necessário para subornar as poucas testemunhas na sala e dar uma boa quantia para quem for assumir o crime. Nós daremos um jeito de tirar essa pessoa do país e esconde-la assim que possível.

Lionel se acomodava, encarando o mordomo por trás da grande mesa de madeira de lei. Por um instante o rapaz percebeu o quão forte era o sangue Kurt correndo em suas veias e o quão bem ele se sentia na posição de dar ordens sentado naquela mesa.

Claro que se o mordomo não tivesse conseguido passar pela porta ou tivesse aversão ao sal, a ultima parte da conversa não ocorreria. Porém devido aos anos de confiança e serviços a família, Lionel duvidava muito que a culpa fosse do mordomo.

Lionel, infelizmente, não havia como você repassar as ordens a Stuart por completo.

Ele apanhava o sal grosso e o espalhava, como ordenado.

Porém, quando ele ia passar pelo sal, para entregar a você a sua bebida.

Ele derramava a bebida, como se batesse em uma parede invisível e arregalava os olhos - Perdão, senhor... Eu não sei o que houve... - A bebida, claro, espalhava o sal.

Como se nada tivesse acontecido, Stuart voltava rapidamente para apanhar outro copo de bebida para você, Lionel.

E agora, sem a barreira de sal, ele se aproximava de você, aparentemente inquieto...

Mas você o conhecia, sabia que ele estava ansioso para limpar a bagunça... E sequer parecia entender o que tinha acontecido.

Ou você poderia estar muito enganado, e Stuart estar envolvido até o pescoço naquilo.

Como saber?

Lionel aguardava sentado na cadeira estofada. Viu o vulto de Stuart vindo na direção do corredor e seus olhos foram a ele, mas depois de dar a ordem de espalhar o sal no chão e pedir para que só assim entrasse, o que aconteceu fez com que ele desse um pulo da cadeira.

A expressão de pânico tomou conta do rapaz, os olhos arregalaram e as sobrancelhas arquearam. Não podia ser, Stuart trabalhava com Simon a anos, era de todos os empregados o que o irmão mais confiava e, mesmo assim, parecia que ele estava envolvido em algo.

Quando o homem entrava se desculpando, Lionel não conseguiu tirar os olhos dele. Tinha que falar algo, mas as palavras não saiam. A mão tremula foi até a bebida, que ele apanhou, mas não bebeu de imediato, não sabia se podia confiar nem mesmo na bebida que era servida a ele.

- Não... Não se preocupe com isso. – Ele falava e então encarava novamente o mordomo.

A vontade era gritar, chorar, sair correndo. Mas o corpo não obedecia e o medo de não saber o que o homem podia fazer com ele o impedia.

- Sobre... Simon pediu... – Lionel engolia em seco e então, após um pigarro, tentava falar. – A Madison... Parece que ela esta quase boa... Simon quer uma festa, muito grande. Pediu para que você planeje tudo... Não poupe gastos... Pediu para que você especificamente cuide de cada detalhe. – As palavras saiam entrecortadas, mas Lionel esperava que Stuart apenas pensasse que ele estava tento outra das crises. Era fácil alguém ignorar suas atitudes de louco quando você tinha elas com frequência.

O rapaz se levantava, ignorando propositalmente o copo e ia até a porta.

- Deixa que eu limpo isso aqui... Você... Você tem muito o que fazer. – E então juntado dois punhados grandes de sal com os punhos levantava novamente, fingindo ter mudado de ideia. – Não... melhor você limpar... Eu... Estarei no meu quarto. Peça que ninguém me incomode.

E saia, pisando duro, com os punhos fechados, andando o mais rápido possível para o quarto.

Quando entrava desabava. Colocava o pouco sal que tinha conseguido em uma fileira em frente a porta trancada do quarto e então ia para o banheiro. Entrava na banheira vazia e começava a chorar compulsivamente.

A única coisa que fazia era sacar o celular e mandar uma mensagem. Sabia que não estava seguro ali, mas não tinha forças e nem coragem para sair de seu quarto agora.

A verdade é que ele parecia tão confuso quanto você, Lionel.

E, estranhamente, não tinha qualquer ar de culpa em seu rosto.

Apenas confusão.

Ele te olhava embasbacado, conforme você se atrapalhava nas ordens.

Por fim, ele concordava com a cabeça.

- Providenciarei tudo, senhor... E estarei aqui, caso precise de algo... - Ele resumia, ao acatar suas órdens.

E não fazia qualquer menção de te seguir ou impedir.

O que estava acontecendo?

Como um empregado de tanta confiança de vocês poderia estar envolvido naquilo?

Infelizmente a situação apenas lhe trazia mais questionamentos, além de sentimentos que o afligiam.

Em quem você poderia confiar, afinal?

Por hora, você estava livre para agir como bem entendesse.

A grande pergunta era o que fazer...

Afinal, você tinha acabado de perceber que, quem quer que estivesse por trás daquilo tudo, tinha influência em diversos locais.

Até nos mais seguros possíveis.

Mesmo com a porta trancada e com a barreira de sal ele não se sentia seguro ali naquele lugar. Na verdade não se sentia seguro em lugar algum, porque sabia que a qualquer momento alguém poderia se apossar de seu corpo e fazer com que ele fizesse coisas que nem lembraria depois.

O banheiro parecia estar mais frio de o normal, o que fazia ele tremer compulsivamente e camiseta molhada pelas lágrimas não ajudava. Segurava o celular com as duas mãos, olhando fixamente para a tela, esperando que alguém desse um sinal. Esperando que um salvador surgisse e o levasse daquele inferno.

Até mesmo as pessoas de mais confiança da família pareciam estar envolvidas naquilo tudo, até mesmo Stuart que cuidava deles há tantos anos. E tamanho era o cinismo dele de nem expressar qualquer reação. Sabe-se lá desde quando isso estava sendo planejado. Quem sabe eles tenham sido escolhidos antes mesmo de nascer e um culto maldito tivesse apenas brincado com eles, os quebrando aos poucos.

Quem sabe todos eles estivessem destinados a ser sacrifícios para invocar um ser das trevas e não pudessem fazer nada para fugir daquilo.

Ah não ser que estivessem mortos.

Pensamentos desesperados e confusos percorriam a cabeça de Lionel. Talvez a morte fosse realmente a melhor opção nesse caso. Já estava na banheira, a porta trancada e selada com sal. Ninguém conseguiria entrar antes que fosse tarde.

Mas nem forças para isso ele tinha. Não conseguia sair da banheira nem mesmo para ir até a pia pegar os remédios, a navalha ou o que quer que fosse que terminasse com sua vida de merda. Só conseguia chorar encarando aquele maldito aparelho.

((( VEIO DAQUI )))

Não perdia tempo no caminho, ia o mais rápido possível sem infringir a lei afinal o que menos precisávamos agora era um longo tempo explicando pro guarda que estávamos acima do limite de velocidade porque o meu cunhado está correndo risco de vida contra as forças demoníacas e entidades voodoo.

Ganhariamos uma passagem só de ida pro sanatório. A mansão logo era vista no horizonte e seguia pelo portão, esperando pacientemente a liberação antes de seguir pro local. - Pergunta onde ele tá e pega logo um celular descartável pra entregarmos a ele também.

Descia do carro já com o cinto do Batman na cintura e preparada pra descer o cacete em quem ficasse no caminho. Depois resolvia o resto das situações constrangedoras que surgissem.

Garotas, vocês levavam pouco tempo para chegar até a mansão Kurt.

No caminho, Brigitte, você conseguia algumas informações sobre Hunder... Contudo, elas eram bem básicas.

Mas já era um norte, não é?

A família Hunder era muito, muito importante... E tinha sido eles, através dos anos, que haviam fundado o Hospital Universitário, em parceria com outras famílias importantes.

O hospital, inclusive, fora criado praticamente ao mesmo tempo que a universidade... E o nascimento de ambos misturavam-se, sejam através de seus fundadores, seja na história.

Grande parte dos Hunder eram famosos, principalmente no ramo da medicina. Homens de grande renome, que desenvolviam técnica e tratamentos revolucionários, principalmente no campo cirúrgico.

O bisturi elétrico, assim como a técnica de bypass, que salvou Louis ano passado, foram desenvolvidas por eles.

Contudo, aquela história parecia encerrar-se por volta dos anos noventa, sem, contudo, grande explicações.

O último grande citado era da década de 80.

E os filhos de Henry Hunder, que eram Clark, Joshua e Megan... Pareciam não ter gerado grandes frutos, ao menos para que rendesse algo em sua leitura até chegar na mansão.

Onde vocês encontravam um Lionel devastado com tudo o que acontecia... Assim como um preocupado e assustado mordomo, que parecia dividido em aproximar-se ou manter-se longe.

Ainda sem compreender o que havia acontecido.

A viagem demorava um pouco mais que o previsto, pelo menos era proveitosa. Só esperava que um pouco mais... As informações que Brigitte achava e me passava da família Hunder não tem grandes coisas pra ajudar nesse momento, talvez um detalhe ou outro.

- Certo, então precisamos dar um jeito de verificar o que aconteceu depois dos anos 90 e claro, como a família ficou famosa no começo. Essas coisas de dinheiro e importância na sociedade podem ser indícios de algum pacto pra prosperidade. - Falava sem tirar os olhos do caminho.

- E algo pode ter dado errado ou algum descendente se recusado a continuar com o pacto e isso ter enfraquecido o poder da família ou gerado consequências ou deixaram de ser a família queridinha da entidade que cultuavam. Tem muitas variáveis ainda... Precisamos de mais informações. - Despejava as informações todas ali até por ser um meio eficiente de manter tudo na cabeça. Colocar pra fora ajudava a ter novas perspectivas.

- Salva os nomes dos últimos da linhagem, vou mandar pra um amigo meu tentar ver mais alguma coisa. O Glenn conhece uns submundos eletrônicos que minha nossa. - Descia e fazia todos os preparativos pra entrar na mansão, não ia entrar desprevenida. Não dessa vez. Agiria com cautela, pelo menos o máximo que dava diante da raiva que tava sentindo e do esforço que fazia pra manter o controle.

Mandava uma mensagem rápida pra entrada ser lbierada e quando entrava na mansão já começava a chamar por ele. - Lioooooooooonel!!! - E gritava mesmo e foda-se. Via o quão aturdido ele tava com a coisa toda e era de se esperar diante da merda que tava rolando, apenas o abraçava e olhava pro mordono.

- Oi... Você deve estar um pouco confuso com tudo que tá acontecendo, mas gostaria de pedir encarecidamente que você entrasse naquele armário de casacos agora. Poderia fazer esse favorzinho? Prometemos explicar tudo depois, tá? - Falava com uma voz calma e tranquila, não era grossa, mas minha nossa nem a pau ia chegar perto dele.

Foi chegando perto do mal que ganhou um beijo e passou a ser controlada. Não ia deixar isso acontecer de novo. Dava um jeito de manter Bri atrás de mim assim como Lionel entre meus braços, esperava que a ruiva entedesse que não era pra chegar perto do mordomo.

A roupa já estava encharcada de lágrimas e Lionel mal tinha forças para se manter respirando. A gaveta de remédios parecia cada minuto mais convidativa. Uma saída fácil para um momento difícil. E quem sentiria falta? Alguém sentiria? Provavelmente não, provavelmente só seria mais um nome esquecido entre tantos outros que se foram nos últimos anos.

Mas ele há havia morrido uma vez, devorado por centenas de sem face. E se ao morrer ele não fosse para um lugar melhor e sim para aquele inferno onde já esteve? Ao pensar nisso passou a mão pelo dedo que havia sido quebrado pelo próprio Hitler. Só a ideia de estar novamente naquele lugar o fazia estremecer.

Mas até onde tinha realmente conseguido fugir de lá? E se não tivessem destruído tudo e sim apenas adiado algo que era inevitável? E se todos estivessem destinados a perecer em oferenda a um ser poderoso e destruidor que transformaria a vida de todos em um inferno?

Eram tantos e se que ele já não sabia como fugir daquilo.

Os olhos se ergueram ao ouvir a voz de Hannah o chamar. Só podia estar delirando.

Mas mais uma vez ele a ouviu e as poucas forças que tinha foram reunidas para correr até a porta. Não sabia o que o mordomo poderia fazer com ela antes que pudesse impedir. Abriu a porta do quarto mantendo o rastro de sal sob ela.

- Hannah! Aqui no meu quarto. – Gritou e logo viu a garota se aproximando apressada com a ruiva que havia cantado na festa... A fatídica festa.

Hannah já havia presenciado Lionel mal, mas geralmente era pelos excessos. Bebidas, drogas, noitadas. Mas agora, em vez de excesso era falta que ele aparentava. Falta de um espírito que estava tão quebrado que chegava a migalhas.

Assim que Stuart se aproximava, por trás das garotas, Lionel arregalava os olhos e apenas o envarava, enquanto Hannah pedia a ele que esperasse no armário. Claro que o mordomo, mesmo confuso, obedeceria.

- Não podemos ficar aqui. – Ele falava pegando a garota pelo pulso e saindo pelo corredor, falando baixo o suficiente para que só as duas ouvissem. – Ele não passou pelo sal, não sei nem quem pode estar com ele. Precisamos sair daqui o mais rápido possível. Precisamos sair do país... Cambrige não é mais segura. Simon deve ter um barco em algum porto pela região. Podemos sair ainda esta noite daqui.

O rapaz parecia visivelmente abalado, não estava conseguindo raciocinar direito e apenas buscava uma fuga rápida dali.

Brigitte era a criatura mais "crua" naquele lugar, depois de Timothy em relação ao sobrenatural,  sua única experiência era ter sido instrumento para matar uma mulher inocente que agora supunham ser um tipo de oferenda a um Deus de origem africana que simbolizava a Morte ou algo além disso.

O Barão Samedi estava acima do bem e do mal, ele era aquilo que precisava ser, os pobres humanos é que ao longo dos anos devem ter tornado sua imagem diferente da de origem, dando a ele variados significados conforme a época histórica e desejos próprios e egoístas.

Ela não conseguia conceber a ideia de que um humano mortal poderia manipular a vontade de um Deus.

No máximo quem participava daquele enredo sombrio é macabro estava usado pelas cordas do Deus da Morte como pobres marionetes, crentes de que quem manipula são eles.

Tolos.

Sua avó contava sobre as lendas irlandesas, diferentes das africanas, claro. Mas, o fundo, a base é sempre a mesma, Deuses e seres sobrenaturais manipulando homens de tempos em tempos. Fazendo seus pactos, e cumprindo ou não com seus acordos.

Manipulam por um motivo simples, não tem permissão de se intrometer diretamente em nosso mundo - considerem que ela não sabe sobre Sarah e a entidade da Escuridão que habitou seu corpo. Mas, se soubesse também teria tal conclusão,  foi preciso um corpo humano para servir a grandeza de uma Deusa.

Brigitte ajudava agora como podia, digitando rápido no notebook e achando as poucas informações que existiam sobre a Família Hunder e sua genialidade para a Medicina.

Lia em voz tá o conteúdo encontrado para Hannah.
E repassava digitando as poucas informações para Sofia.

Serviria de ponte entre eles, tentando ter utilidade, mesmo que mínima.  Por vezes, sentia um aperto no coração lembrando de Tim que estava cuidando de Simon na Ômega,  mas os dois eram fortes, saberiam se proteger.

Claro que havia o agravante do amado primo estar na companhia do rapaz usado para retalhar Madison e Ethan, tinha de confiar na força dele.

Chegavam na mansão Kurt, ela levava o spray de pimenta escondido na manga da jaqueta

Hannah a fazia ficar para trás e sim, era importante manter distância do mordomo, mas também necessário ficar de olhos em outros possíveis parceiros de crime.

Brigitte era fraca fisicamente mas a mente trabalhava bem, por prevenção olhava pontos em torno de si onde houvessem locais de fuga ou objetos para ajudar em uma aproximação agressiva.

Hannah chegava até um Lionel inseguro e apavorado.
Tentava lhe passar calma.

Ao mordomo foi ordenado que entrasse num armário de casacos, a mão apertava o pequeno cilindro de spray.

Mas, imperceptível.

- Vamos levar você até o Simon e nos encontrar com o Timothy também,  Lionel. Você está em boas mãos,  fica calmo. - A voz era doce e soava bem a ela. Voz de anjo, querido.

O olhar era doce, e sim via como ele estava abalado.

Olhava agora em volta, a saída estava próxima? Se estivesse sairiam com passos apressados até o veículo deixado em frente a mansão.

Brigitte conseguia sentir algo ruim vindo do mordomo?

Sangue vermelho e viscoso...

Se havia algo de errado com aquele mordomo... Ele simplesmente não fazia ideia.

Porque ele parecia bem assustado.

E preocupado.

Principalmente com Lionel.

O que vocês pediam era absurdo, claro... Mas ele maneava a cabeça positivamente.

Quando você o olhava daquele modo, Lionel, ele não lhe retribuía de modo agressivo.

Muito pelo contrário.

Ele suspirava e entrava no armário de casacos e, de costas para vocês, ficando de frente para a parede, ele fechava a porta.

Como quem tenta demonstrar que não oferecia perigo algum.

Ver Lionel daquele jeito me partia o coração. Podia sentir a fisgada do orgão se estilhaçando. Ele estava na seleta lista das pessoas que não mereciam tanta merda acontecendo de uma vez só. Um ou outro talvez... Mas isso já era outra parte minha querendo brincar de deus e julgar as pessoas por seus pecados, incluindo a mim nessa lista.

- Calma, Lionel. Vamos sair daqui primeiro. - Olhava pro mordomo aturdido e lamentava. Imaginava a confusão que estava se passando pela cabeça dele, mas não podíamos correr riscos agora. - Eu lamento muito, mas depois explicaremos, ok? Obrigada por ajudar. - Não daria mais respostas agora, mesmo que fosse para tranquilizá-lo com o pedido absurdo.

Ouvia todo o clamor do garoto pra irem embora dali. Respirava pesado. Não podia tirar a razão dele de querer ir embora, mas não dessa forma. - Lio, vou entender se você for, mas você mais do que ninguém sabe que as merdas desse tipo te perseguem e não importa onde você está. Seja na praia, num quarto de hospital... Essas cosias grudam em você e não dá pra fugir sem resolver.

Olhava de canto pra Bigitte cobrindo as saídas e prováveis agressores que se aproximassem e iam seguindo sem soltar a mão de Lionel pra fora da casa, também esquadrinhando o caminho até o carro. - Vamos pra Ômega encontrar o Simon e o Tim, precisamos reunir. Tenho uma ideia de como acabar com isso. - Estava séria e seja lá o que fosse que estava na minha cabeça, era óbvio o medo que as decisões que tinha tomado me causavam.

Caso consigamos, seguiremos pro carro e de lá já irei pra ômega o mais rápido possível sem inflingir leis. Não precisávamos parar pra justificar nada pra polícia agora.